A Semana de Arte Moderna de 22 completa seu centenário este ano e, por isso, já é possível verificar uma variedade de programação comemorativa em instituições culturais e também diversas reportagens na mídia. E é claro que o tema será assunto de atividades e aulas no COC Sorocaba.
A professora Rosângela, por exemplo, já está programando as aulas que ministrará às turmas do 3º anos do Ensino Médio sobre o tema. Rosângela, que inclusive foi entrevistada pela TV Tem (https://globoplay.globo.com/v/10299981/) para falar sobre o assunto, conta da importância de mostrar aos estudantes como o pensamento difundido pela Semana de 22 ainda reverbera nos dias atuais.
Dissolver as fronteiras entre o que é considerado arte erudita e arte popular e valorizar a cultura tipicamente brasileira estão entre as prioridades dos artistas modernistas, como Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Heitor Villa-Lobos.
“O legado acaba ficando até hoje, e aparece toda a vez em que há uma mistura daquilo que é popular com o erudito. Isso aconteceu, por exemplo, na apresentação da ginasta Rebeca Andrade nos Jogos Olímpicos de Tóquio, quando a atleta trouxe uma música de Bach misturada ao funk de ‘Baile da Favela’, um verdadeiro caldeirão antropofágico”, explica Rosangela.
A ideia de antropofagia na Semana de 22 era uma metáfora para falar da importância de receber, “engolir”, as influências da cultura europeia mas no processo de “digestão” dessas referências, trazer também o repertório da cultura popular brasileira, que muitas vezes é desvalorizada por emergir das camadas sociais mais desfavorecidas, menos elitizadas.
“Acho que uma das ideias da Semana de 22 que reverbera até hoje é esse ecletismo”, reitera a professora.
Rosangela também cita o exemplo do artista Emicida em seu trabalho “Amarelo”, que foi gravado num dos maiores centros da cultura erudita do país, o Teatro Municipal de São Paulo, onde também ocorreu a Semana de 22.
Nesse caso, é muito emblemático e importante ver o rap ocupando um lugar que tradicionalmente é reservado à elite.
Rosangela costuma usar em suas aulas sobre o modernismo um material bem interessante publicado pela Editora da UFMG em parceria com a Edusp e a Imprensa Oficial. Trata-se de uma caixa com livros e revistas da época, CD com músicas geradas sob influência daquele contexto, e reproduções de obras de arte, que mostram quadros feitos antes e após o modernismo, que colocou em questionamento os cânones acadêmicos. “Os artistas modernistas sentiram que era necessário abalar as estruturas acadêmicas – que traziam a influência da arte produzida na Europa, e valorizar a arte genuinamente brasileira”, pontua a professora.